A primeira websérie
de divulgação científica da Amazônia apresenta histórias de
participantes do Prêmio Márcio Ayres para demonstrar aos jovens que
investigar a biodiversidade da região é uma aventura prazerosa e
transformadora
Agência Museu Goeldi - Qual
a importância do açaí, dos cupins ou do muco de lesmas? A diversidade
de experiências percebidas na relação entre as populações e a natureza
amazônica se tornou objeto de pesquisa para os estudantes paraenses.
Três jovens pesquisadores - Denner Ferreira, Raimundo Oliveira e Wescley
Pereira - investigaram a biodiversidade amazônica e levaram para suas
vidas o Prêmio José Márcio Ayres
Para Jovens Naturalistas - PJMA. As histórias dos 3 rapazes são
contadas nos últimos episódios da websérie “Naturalistas do Século XXI”,
e serão lançados no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente,
durante a Pororoca da Biodiversidade Amazônica.
Novos episódios, mais histórias - Em
2003, surgia o PJMA e com ele um estímulo para a iniciação científica
nas escolas. No Acará (PA) ocorreu uma ampla mobilização envolvendo
Prêmio, as escolas e a Secretaria de Educação, resultando na
participação de vários trabalhos do município e a vitória dos então
estudantes Joel Rodrigues e Raimundo Oliveira. Com o trabalho sobre os
danos causados pelos cupins nas residências do Acará, Raimundo levou o
1º lugar do Ensino Fundamental e descobriu novos horizontes, na
biodiversidade, na ciência e definiu um rumo para sua vida.
O episódio “Entendendo o invasor – os cupins do Acará” mostra
o trabalho de Raimundo, que fez um levantamento das moradias afetadas
em três bairros – o primeiro localizado ao centro da cidade, o segundo
em uma área intermediária e o terceiro em uma área afastada do centro.
No decorrer da pesquisa, identificou duas espécies (Nasutitermes
surinamensis e Termes fatalis) e compreendeu uma causa da infestação:
com a retirada da floresta, os cupins migraram para as residências. A
trajetória de Raimundo não foi apenas a de uma vitória pessoal, mas a de
um município inteiro.
Uma viagem com a família ao município de
Igarapé-Miri (PA) fez surgir em Denner Ferreira a curiosidade de
investigar o consumo de açaí. O estudante percebeu como a fruta era um
elemento essencial na alimentação da comunidade que visitou e, a partir
do que viu, experimentou e pesquisou, construiu o trabalho que lhe
conferiu o 3º lugar do ensino fundamental na 4ª edição do PJMA. O
websode “Fruto nosso de cada dia – o açaí em Igarapé-Miri” conta a
pesquisa que Denner realizou, por meio de questionários com famílias
locais. O estudo enfatiza a importância cultural do açaí para a
população do município.
A história de Wescley Pereira é um pouco
diferente: o estudante se empenhou e obteve grandes vitórias em três
edições do PJMA. Em sua primeira participação, na 2ª edição, ainda no 6º
ano do Ensino Fundamental, observou o comportamento do macaco
coatá-da-testa-branca (Ateles marginatus) em cativeiro no Parque
Zoobotânico do Museu Goeldi. A investigação, realizada em grupo com
Bruno Rodrigues e Laura Oliveira, concluiu que, em cativeiro, a espécie
fica mais suscetível a doenças e diminui a sua capacidade reprodutiva e
variabilidade genética. O grupo não foi vencedor, mas recebeu Menção
Honrosa pelo trabalho.
Já em sua segunda participação no PJMA,
Wescley obteve a 2ª colocação na categoria Ensino Fundamental. Seu
trabalho foi sobre as propriedades nutricionais e medicinais da fruta
araçá-boi (Eugenia stipitata), que contém vitaminas A, B e C, além de
carboidratos e proteínas. Mas foi sua terceira participação que deu o
que falar: o trabalho sobre as propriedades dermatológicas do muco de
lesma (Limax cinerens) rendeu não apenas o 2º lugar na categoria
Ensino Médio, mas também a repercussão em jornais em nível nacional. Ao
escutar o relato de sua avó, Wescley foi acompanhar o tratamento da
pele de senhoras de uma comunidade de Mosqueiro com muco de lesma. É
com esse trabalho que Wescley também participa de um stand da Pororoca
da Biodiversidade, apresentando os “Atributos dermatológicos do muco da
lesma aplicado em seres humanos”.
O websode “Três etapas de uma busca –
o perfil do jovem naturalista” faz uma apresentação de Wescley, o
perfil de um jovem naturalista que se encantou com a ciência e com a
biodiversidade amazônica, fazendo disso seu objetivo profissional.
Atualmente, ele cursa Medicina e deseja trabalhar com etnociência. O
episódio traz também um formato interativo, convidando o usuário a optar
qual dos três trabalhos de Wescley quer assistir.
Websérie Naturalistas do Século XXI - É
uma produção do Móvel – Laboratório Multimídia de Comunicação Pública
da Ciência do Museu Goeldi. Dividida em 9 episódios, a série resgata a
trajetória de vencedores do Prêmio Márcio Ayres. Você pode conferir os
episódios anteriores na página do Museu Goeldi no Youtube.
Em “Um prêmio em quatro edições”, você conhece a história do Prêmio Márcio Ayres e dos jovens naturalistas personagens da websérie; no segundo episódio “Uma amiga injustiçada – a vida da coruja Suindara em Belém”, Marcos Cruz conta como o interesse pelas corujas mudou seu olhar sobre a natureza, desmitificando a lenda Rasga-Mortalha. No terceiro websode, “Um olhar além – as árvores da Praça Batista Campos”, Mariana Galuppo revela quais são as espécies arbóreas de uma das praças mais belas do Brasil. Em “Descobrindo a flora amazônica – as pteridófitas do Parque do Utinga”, Rita dos Santos apresenta uma nova ocorrência de planta encontrada durante a pesquisa para o Prêmio Márcio Ayres. O quinto, “Conhecimento sob nossos pés - as formigas do Curió-Utinga” traz Erick Santos, Felipe França e Vítor Leitão contando o seu estudo de identificação de formigas na Praça das Castanheiras, na região metropolitana. Em “Garças da Batista Campos – da praça para a cidade”, Kauê Machado explica como realizou seu estudo comportamental e de diversidade de garças encontradas na Praça Batista Campos, ao centro de Belém.
PJMA – Naturalistas eram os estudiosos que se aventuravam em regiões desconhecidas, observando e descrevendo a fauna, a flora, as populações residentes e o meio ambiente que seus sentidos captavam. É esse espírito de curiosidade, aventura e olhar crítico que o Prêmio José Márcio Ayres busca desenvolver em jovens escolares. Criado em 2003, em uma parceria entre o Museu Goeldi e a CI Brasil, o PJMA realiza sua quinta edição com o apoio do projeto Escola da Biodiversidade Amazônica – Ebio, subprojeto do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia. O Prêmio incentiva estudantes de Ensino Fundamental e Ensino Médio a inscreverem trabalhos científicos sobre o tema biodiversidade, com o objetivo de ampliar a divulgação e a discussão deste assunto nas escolas da rede pública e privada. As inscrições vão até 20/08/12. O Prêmio tem apoio da Funtelpa e da Secretária de Educação do Pará. Mais informações no site do Prêmio e pelo e-mail premio@museu-goeldi.brm prêmio em quatro edições”, você conhece a história do Prêmio Márcio Ayres e dos jovens naturalistas personagens da websérie; no segundo episódio “Uma amiga injustiçada – a vida da coruja Suindara em Belém”, Marcos Cruz conta como o interesse pelas corujas mudou seu olhar sobre a natureza, desmitificando a lenda Rasga-Mortalha. No terceiro websode, “Um olhar além – as árvores da Praça Batista Campos”, Mariana Galuppo revela quais são as espécies arbóreas de uma das praças mais belas do Brasil. Em “Descobrindo a flora amazônica – as pteridófitas do Parque do Utinga”, Rita dos Santos apresenta uma nova ocorrência de planta encontrada durante a pesquisa para o Prêmio Márcio Ayres. O quinto, “Conhecimento sob nossos pés - as formigas do Curió-Utinga” traz Erick Santos, Felipe França e Vítor Leitão contando o seu estudo de identificação de formigas na Praça das Castanheiras, na região metropolitana. Em “Garças da Batista Campos – da praça para a cidade”, Kauê Machado explica como realizou seu estudo comportamental e de diversidade de garças encontradas na Praça Batista Campos, ao centro de Belém.
Pororoca da Biodiversidade – No Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, o PJMA, o Museu Goeldi e a Escola da Biodiversidade Amazônica (EBio/INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia)
promovem a Pororoca da Biodiversidade Amazônica no Parque Zoobotânico,
com o tema “Conheça os bastidores da ciência”. Trata-se de uma mostra
diversificada de projetos, métodos e ferramentas de pesquisa sobre a
diversidade biológica da Amazônia e sua relação com as culturais
regionais. A programação reúne 20 stands, apresentando as pesquisas
desenvolvidas pela Zoologia, Botânica, Ciências Humanas e Ciências da
Terra e Ecologia do Museu Goeldi, por vencedores do PJMA e pelas equipes
de educação do Museu Goeldi e da Universidade do Estado do Pará. Além
disso, haverá mostras de vídeos científicos e ambientais, uma Trilha de
Observação de Insetos e uma Oficina sobre Ciência.
Serviço: Pororoca da Biodiversidade Amazônica, dia 5 de junho a partir das 9h no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Texto: Luena Barros
Obs.: Não foi a espécie Lepisma saccharina utilizada no trabalho da lesma, e sim a Limax cinerens.
ResponderExcluirObrigado pela correção.
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